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domingo, 1 de dezembro de 2013

1889 - O Império Tropical - Laurentino Gomes

"Capital do Império, com 522.651 habitantes, o Rio de Janeiro aumentara sua população nove vezes desde a chegada de dom João e a família real portuguesa. O porto carioca era o mais movimentado do Brasil. A renda de sua alfândega representava 32% da arrecadação geral do Império. A cidade que mais crescia em 1889, no entanto, era São Paulo, que chegaria a 239.820 habitantes no Censo de 1900. Sua população se multiplicaria por dez em apenas cinquenta anos, impulsionada em grande parte pelos novos imigrantes estrangeiros que chegavam ao Brasil para substituir nas lavouras a recém-abolida mão de obra escrava. Salvador, capital colonial até 1763, tinha 174.412 habitantes e apresentava crescimento estável, enquanto Recife, com 111.556, a população declinava em razão da crise da lavoura açucareira.
(...)
O café produziria uma drástica alteração no eixo econômico do país. Nos duzentos primeiros anos da colonização, a riqueza brasileira se concentrava na região Nordeste, no chamado ciclo do açúcar. Depois migrara para Minas Gerais, na corrida do ouro e do diamante que marcou a primeira metade do século XVIII. Por essa época, Francisco de Melo Palheta, sargento-mor do Pará, contrabandeou de um viveiro de Caiena as primeiras sementes e mudas de café, planta originária das terras altas da Etiópia e até então cultivada em segredo na Guiana Francesa. Depois de aclimatadas em Belém, as mudas logo chegariam ao Vale do Paraíba, entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Começava ali a febre do "Ouro Verde". O produto, que na época da Independência representava apenas 18% do total da pauta de exportações brasileiras, em 1889 já alcançava 68%, ou seja, quase dois terços do total. O número de sacas exportadas saltou de 129 mil em 1820 para 5,5 milhões em 1889."



Transcrito do livro "1889" de Laurentino Gomes.
São Paulo, Globo, 2013.









O jornalista Laurentino Gomes, paranaense de Maringá, notabilizou-se com sua excelente trilogia histórica sobre a formação do Brasil contemporâneo, constituída pelos livros intitulados com datas marcantes: 1808, sobre a chegada da corte portuguesa de dom João VI no Brasil fugindo das tropas napoleônicas; 1822, sobre a independência do Brasil; e 1899, sobre a queda da monarquia e proclamação da república. Neste último, aborda os motivos que levaram à queda do regime imperial e as articulações para a proclamação da república. O livro traz por subtítulo: "Como um imperador cansado [e doente], um marechal vaidoso [e também doente] e um professor injustiçado [e ressentido] contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil". Gomes nos apresenta dom Pedro II como um monarca culto, conciliador e simpático à causa republicana e o marechal Deodoro da Fonseca como um militar vaidoso, arbitrário e monarquista. Ou seja, pelas características dos dois personagens, pareciam estar em lugares trocados nesse importante momento histórico da formação do Brasil de nossos dias.  

terça-feira, 12 de junho de 2012

1822 - Laurentino Gomes

"Como principal negociadora do reconhecimento do Brasil independente, a Inglaterra se valeu de seu poder econômico e político para tirar vantagem da nova situação. Em 1825, o Brasil já era o terceiro mercado mais importante dos produtos ingleses, graças ao vantajoso tratado comercial assinado por Dom João em 1810 que concedia à Inglaterra tarifas de importação inferiores às de seus concorrentes nos portos brasileiros. O tratado venceria em julho de 1825 e todo o esforço dos ingleses se concentrou em convencer D. Pedro a renová-lo em troca do reconhecimento da Indenpendência. Foi, de fato, o que aconteceu. Além de assegurar a prorrogação das vantagens alfandegárias para seus produtos, a Inglaterra perpetuou no Brasil independente alguns privilégios que gozava com Portugal..."

Transcrito da obra "1822" de Laurentino Gomes, História, pág. 288. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010. O livro tem por subtítulo "como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil - um país que tinha tudo para dar errado."

Laurentino Gomes é jornalista, nascido em Maringá - Paraná, com carreira de repórter e editor no jornal O Estado de São Paulo e na revista Veja. É membro da Academia Paranaense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Li suas duas obras de jornalismo histórico, que registram dois períodos marcantes da formação do Brasil: 1808 que trata da fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, com amplos reflexos na conformação do estado brasileiro e na criação do caldo de cultura que propiciou a declaração de indepedência. Já 1822 aborda o ambiente e as articulações que levaram o País a declarar o rompimento com a metrópole portuguesa, fato caracterizado pelo autor como uma combinação de sorte, improvisação, acasos e também sabedoria das lideranças responsáveis pela condução dos destinos do Brasil, num momento de idealizações, conflitos e perigos. Além de uma escrita ágil, ela é muito rica em informações. Laurentino inclui nos relatos aspectos pouco abordados nos livros didáticos, como a vida sexual e afetiva dos protagonistas de nossa história, idiossincrasias de alguns personagens, visão dos vencedores e dos vencidos no processo que levou à declaração de independência. Demais, o autor relata que o projeto que o levou a escrever o livro surgiu de uma conversa casual com o vice-almirante Armando de Senna Bittencourt, diretor do Patrimônio Histórico e Cultural da Marinha, que fez a seguinte observação para o autor: "É inacreditável como um parte da elite brasileira conseguiu envolver o príncipe regente nos seus planos, separar-se de Portugal e, principalmente, manter o país unido quando tudo indicava que o caminho mais provável seria o da guerra civil e da fragmentação territorial". Realmente esse era o pano de fundo dominante do momento. O que o livro destaca é que sem a liderança de D. Pedro e o estabelecimento do regime monárquico possívelmente não seríamos um só Brasil. Viva o primeiro rei brasileiro!
Por F@bio

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Rio de Janeiro - Laurentino Gomes

"A cidade que acolheu a família real portuguesa, em 1808, ... Era uma espécie de esquina do mundo, na qual praticamente todos os navios que partiam da Europa e dos Estados Unidos paravam antes de seguir para a Ásia, a África e as terras recém-descobertas do Pacífico Sul. Protegidas do vento e das tempestades pelas montanhas, as águas calmas da Baía de Guanabara serviam como abrigo ideal para reparo das embarcações e reabastecimento de água potável, charque, açúcar, cachaça, tabaco e lenha. 'Nenhum porto colonial no mundo está tão bem localizado para o comércio geral quanto o do Rio de Janeiro', ponderou o viajante John Mawe. 'Ele goza, mais do que qualquer outro, de iguais facilidades de intercâmbio com a Europa, a América, a África, as Índias Orientais e as ilhas dos Mares do Sul, e parece ter sido criado pela natureza para constituir o grande elo de união entre o comércio dessas grandes regiões do globo'."


Transcrito de "1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil" (pág. 153), de Laurentino Gomes. História. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007.

Imagem "Vista do Rio de Janeiro defronte à Igreja do Mosteiro de São Bento" entre 1820 e 1825, de autoria de Johann Moritz Rugendas obtido de http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)


Laurentino Gomes, jornalista paranaense, escreve com grande maestria um livro denso e rico de informações sobre a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasilo, a parte mais rica do reino. O texto é fluido e retrata com grande riqueza de detalhes o contexto geopolítico da vinda da corte para os trópicos. Mostra que o ato foi ousado e arriscado, ainda que com incentivo e proteção inglesa. A vinda da Família Real propiciou grande transformação da colônia e do Rio de Janeiro em particular.
por F@bio